Não raramente, profissionais da Psicanálise recebem os seguinte questionamento: “O que é uma análise?”. Bem, a resposta para essas perguntas pode não ser de tão simples entendimento em um primeiro momento, mas ao longo de um processo analítico bem feito, certamente se esclarece. Assumindo o risco de tentar formular uma resposta simples – no entanto, sem a menor pretensão de ser simplória- para algo que de fato é bastante complexo, compartilho aqui um breve apanhado sobre aquilo que pode ser um trabalho analítico, uma das formas possíveis de concebê-lo, e de fato, como eu o entendo neste momento de minha trajetória teórico-clínica. Vamos lá!
O trabalho analítico é pautado na escuta dos conflitos inconscientes e de suas manifestações, atuando em seus efeitos sobre a vida emocional e relacional do sujeito, sobre sua forma de ser e estar no mundo. É construído eticamente na relação transferencial entre analista e analisante, e rigorosamente alicerçado no que se entende como o tripé da clínica psicanalítica, qual seja, condições indispensáveis para que este trabalho possa ocorrer: estudos teóricos, análise pessoal do analista e supervisão clínica para os casos atendidos (esta, devendo ocorrer com profissionais de maior experiência no fazer clínico).
Os efeitos de um tratamento psicanalítico aparecem na realidade do sujeito para além da dissolução de conflitos internos, mas trazendo à tona aquilo que há de mais íntimo e constituinte, desvelando padrões e repetições nas relações consigo e com o Outro, e instituindo a cada um seu lugar de responsabilidade com a própria história e com as próprias queixas e demandas. Pode-se dizer, então, que um trabalho analítico direciona o sujeito, com alguma sorte e implicação, àquilo que é causa radical de seu sofrimento, convocando-o às mudanças necessárias para uma vida onde a perspectiva do sofrimento neurótico não seja o único panorama possível de existência.
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.