Precisamos falar sobre o suicídio e principalmente sobre setembro amarelo e suas boas intenções.
Para meu autor favorito Freud, o significado da morte é um conceito abstrato sem nenhuma relação com o inconsciente. Isso quer dizer que nós não incluímos o psiquismo sobre a morte, até porque quando uma pessoa fala sobre se matar, ela não esta querendo mesmo fazer isso e sim o desejo de “matar sua dor”, de fazer parar este sofrimento que tanto lhe angustia.
Vivemos tempos de muitas medicalizações, sem nos preocuparmos em dar a fala para aquele sujeito que se encontra em sofrimento, os medicamentos quando necessários, precisam atuar em favor da saúde mental.
E falarmos de dor e sofrimento não é o mesmo que elimina-la, por vez pode até aumenta-la, o sentido da vida é um verbo que se entrelaça com a relação familiar e social na nossa história. E é preciso que haja uma escuta qualificada e cuidadosa nessa condução do tratamento, a grande importância do setembro amarelo está na sua oferta de espaço para falarmos sobre este assunto.
Por que quando a angústia escoa pela fala, ela não se encontra na mesma força. Aquilo que vira palavra se torna material de trabalho para o profissional, mas quando a pessoa em sofrimento não consegue falar, têm-se muito pouco a fazer.
Vejo muitas pessoas em minha rede social, muito bem intencionadas é claro, se disponibilizando para conversar sobre isso com quem deseja.
Então deixo aqui minha opinião mais sincera e cuidadosa: cuidado com as “boas intenções” nesse setembro amarelo. Não basta somente falar um pouco no chat, whats ou Instagram com alguém que esta inundado em angústia. E, frequentemente a tentativa de animar alguém pode ter efeito contrário, acabando deixando a pessoa se sentindo pior e mais inadequada.
Quando não temos preparação e formação acabamos dando conselhos pessoais e pre julgamentos, não vamos encarnar em coachs com frases motivacionais e falsas curas.
A importância da prevenção ao suicídio deve ser debatida de forma contínua e não somente tratada em meses temáticos.