Estamos (novamente) diante de um luto coletivo pela perda de uma pessoa famosa e que representa grande parte dos brasileiros. Marília Mendonça era porta-voz de muitas mulheres, demonstrava sua vulnerabilidade, era “gente como a gente” e isso gera identificação, inspiração, proximidade. Ela estava presente na casa de muita gente, ela estava no cantarolar distraído até o expressar com fervor da sofrência, ela foi trilha sonora para muitos momentos e memórias afetivas.
Além disso, tem a tragédia da morte inesperada, aquela que nos coloca em choque, revolta e indignação; que ameaça nossa sensação de segurança; que nos desampara; que escancara nossa fragilidade e finitude. Não tem acordo, não tem prece, não tem despedida, não tem explicação – não tem sentido -. E fica tudo aquilo que não foi, o show que não aconteceu, o lar que não voltou, o abraço que não deu, o filho que não verá crescer.
Foi ela, mas poderia ser eu, poderia ser você.
Olhar para a morte sem véu nos causa angústia, medo, mas também acende uma chama para fazer diferente. Para correr menos e amar mais. Para se preocupar menos e valorizar mais. Para planejar menos e estar presente mais. Que essa consciência da finitude também possa perdurar mais.
Para quem já estava vivenciando um luto, pode sentir a dor intensificar nesse momento, reviver sentimentos que talvez já estivessem organizados. Faz parte. A comoção, o tema da morte o tempo todo, gatilhos, sensação de desamparo e toda indignação que a morte traz. Se permita.
Nem todo mundo vai (novamente) entender a comoção das pessoas por essa morte, nenhuma morte está ilesa de comparações ou invalidações – infelizmente. Mas a dor é exclusivamente de quem sente, só quem sente sabe dos seus motivos, afetos, histórias. Só quem sente sabe onde a ferida pode ser cutucada de novo. E isso é motivo suficiente para saber que “todo mundo PODE sofrer.” 🤍
Texto por: @psibranquinho
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