Quando se busca um processo de psicoterapia, há diversos sentimentos que aparecem ao mesmo tempo, às vezes contraditórios. Sabe-se que algo não vai bem, mas há um receio das mudanças que podem ocorrer. Há uma vontade de que o sofrimento desapareça. Entretanto, esse mesmo sofrimento faz parte do sujeito de modo tão íntimo, que sair dele seria tão doloroso quanto permanecer nele.
A psicanálise tem nos mostrado que todo sofrimento contém mais do que aparenta. A proposta de uma análise é entrar nesse sofrimento pela fala, falando do sofrer. E de viver. E de morrer. E de perder, amar, desejar, enfim, tudo aquilo que é próprio da existência humana.
O sujeito que chega em uma análise se propõe a falar: seja do que for. Oferecemos a ele um espaço de escuta e o convocamos a falar livremente, sem censura, sem pudor, sem pensar ou planejar de antemão. Não sabemos para onde essa fala vai nos levar, mas concordamos em acompanhá-la, um pela fala, o outro pela escuta.
As possibilidades de uma psicanálise são muitas: um sujeito que fala em análise passa a se escutar. E essa escuta tem efeitos: um deles é a constatação de que o sofrimento é da vida, de que não há viver sem sofrer. Contudo, uma psicanálise também pode dar ao sujeito a capacidade de suportar o sofrer. Pode-se passar a compreender quais sofrimentos são evitáveis, quais são inerentes à experiência humana e, especialmente, quais são aqueles que o sujeito faz questão de ter em sua vida. Ao saber, o sujeito pode decidir o que fazer com seu sofrer.
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