Muitas vezes, podemos sentir dificuldades em definir o que sentimos em relação a uma pessoa. Ela me agrada ou desagrada? Temos valores em comum ou não? Quero tê-la por perto em alguns momentos, mas em outros, não. Essa confusão pode gerar grandes implicâncias caso a pessoa seja muito próxima, como um familiar ou cônjuge.
Modelos e estudos em comportamento de escolha sugerem que as pessoas consideram as alternativas pensando e comparando os custos e benefícios de cada uma. Parte do pressuposto que optar por uma alternativa envolve fazer negociações, e que “escolhas racionais” são feitas com o reconhecimento de que não existe alternativa sem um custo. Além disso, as escolhas são feitas em termos de objetivos e valores gerais. Por exemplo, escolher qual filme assistir envolve várias negociações (gênero, duração, críticas do filme, relevância, data, duração). Quem nunca escolheu um filme e se arrependeu, que atire a primeira pedra.
De uma perspectiva geral, todos nós sofremos de ambivalência em algum momento. Porém, tem pessoas que sentem maior dificuldade em tolerar tal incerteza, tendo a sensação de precisar coletar mais informações, que sua incerteza é indesejável e intolerável e que devem esperar até que a ambivalência seja resolvida para tomar alguma decisão.
O problema com o pensamento dicotômico é que ele leva a atribuições de traços estáveis sobre si e os outros, sem permitir o reconhecimento da variabilidade e flexibilidade situacionais. Por exemplo, se eu pensar em mim como alguém triste, a minha narrativa de vida será de memória seletiva, atenção e ênfase em informações que confirmem essa crença.
Não precisa ser tudo ou nada. Preto ou branco. É importante reconhecer os vários tons de cinza que tingem as nossas experiências. Não é preciso criar regrar fundamentais e maniqueístas do tipo “bem” ou “mau”, sem meio termo. Pelo contrário: a vida é feita de tons brancos ou pretos, cinzas de todas as cores.
Referência:
LEAHY, Robert L. Terapia do esquema emocional: manual para o terapeuta. Artmed Editora, 2016.
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