Talvez uma das nossas maiores dificuldades no mundo de hoje seja parar. Simplesmente parar. Estamos em constante movimento, em um ritmo cada vez mais acelerado, mas muitas vezes sequer sabemos para onde este movimento está nos levando. Não estamos parando nem para respirar!
Participei recentemente de um encontro de meditação, e a maior dificuldade encontrada pelos participantes era justamente permanecer alguns poucos minutos com o corpo totalmente imóvel. Ao ser questionado sobre por que isto acontece, o guia da prática respondeu que é o nosso ego que está querendo nos tirar do foco, por isto surgem a dor, o desconforto, a vontade de trocar de posição, o sono, ou pensamentos completamente irrelevantes quando tentamos ficar quietos.
Mas o que podemos fazer para não perdermos o foco, que neste caso seria entrar em contato com nós mesmos?
Respirar! Sim, nosso corpo pode nos ajudar! Quando entramos em contato com o corpo, e podemos fazer isto simplesmente colocando a atenção na nossa respiração, na entrada e saída do ar pelas nossas narinas, nos conectamos mais profundamente com nós mesmos, permanecemos no momento presente, no aqui e agora, nossa mente relaxa, e podemos encontrar algumas respostas com mais tranquilidade. Elas estão todas em algum lugar dentro de nós.
E de que forma podemos usar isto, esta simples pausa, também no nosso dia-a-dia tão corrido?
Podemos tentar meditar um pouco todos os dias pela manhã, por exemplo, e isto já seria incrível. Mas além disso, você já parou para pensar quantas vezes durante nossa semana ou nosso dia ficamos tomados pela ansiedade, ou por emoções como a raiva, o medo ou a tristeza? Estas emoções se manifestam no nosso corpo, e quando entramos em contato com elas, o que também pode ser feito através da respiração, impedimos que elas assumam o controle, retomando a calma e a serenidade que precisamos para tomar alguma decisão.
Isso acontece porque quando nosso corpo apresenta emoções intensas, nossos batimentos cardíacos aumentam, a respiração se torna curta e ofegante e nosso corpo fica tenso. Ao praticarmos a respiração consciente, além de trazermos nosso foco para o presente, e não para as emoções, fornecemos o oxigênio que o corpo precisa para relaxar e para não sermos tão reativos.
A Yoga nos ensina muito bem como praticar esta respiração mais consciente. Ela deve ser diafragmática, ou seja, devemos encher nossa barriga de ar, e não o peito. E o ar entra e sai pelas narinas, de uma forma mais lenta e profunda.
Um bom exercício para fazermos quando estamos ansiosos é imaginar uma bexiga se enchendo bem lentamente dentro do nosso corpo enquanto estamos inspirando, esvaziando depois todo o ar pelas narinas. Isso pode ser feito repetidas vezes.
As abordagens de estudo da psicologia que enfocam a relação mente-corpo, como a Bioenergética, de Alexander Lowen, também conferem extrema importância para a respiração. Lowen nos diz que da mesma forma como os nossos pensamentos e estados emocionais podem alterar a nossa respiração, o caminho inverso também é verdadeiro. Ou seja, esta pode ser uma excelente ferramenta para termos um maior domínio das nossas ações.
Então, antes de dar aquela resposta atravessada por causa da raiva, de deixar de tomar uma atitude por causa do medo, de deixar o desânimo tomar conta do nosso corpo por causa da tristeza…para, respira fundo, e segue em frente.
Ah, e se for alegria, satisfação e sensação de bem-estar, respira bem fundo também e deixa elas tomarem conta do corpo todo!
Parece muito simples, e é, mas nós não costumamos pensar sobre isto.
Respira, respira, respira…
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