A gente vive em uma fase de mudança em relação a ideia de terapia, durante muito tempo a ideia de terapia estava associada a algumas objeções do tipo: “isso é coisa para louco”, então a pessoa precisaria estar quase internada para poder fazer terapia. Logico que ela serve para esses casos, mas a terapia tem uma abrangência muito maior. A psicologia, principalmente no Brasil, tem sido muito eficiente em se adaptar a mudanças dos tempos modernos.

 

A objeção de que é para louco ou para gente rica, não se cabe mais dos dias atuais. Uma vez que muitos terapeutas tem atendimento pro bono, as vezes com valor reduzido, gratuito, sendo muitas vezes negociáveis. Universidades fazem atendimento gratuitos, institutos tem, vários psicólogos em onde atendem no plano de saúde, muitos convênios reembolsam terapias. Então hoje muitas coisas tem sido feitas para desviar dessas objeções.

 

Sendo assim, psicoterapia não é coisa pra gente rica e nem para gente fresca, que não tem “o que fazer e que vai lavar um tanque de roupa suja”, isso é bobagem se tanque de roupa suja fosse solução para o problema, lavadeira não tinha problema psicológico e todo mundo pode passar por isso. Muitos também falam que são para pessoas que “não tem Deus no coração”, como se a religião fosse uma oposição a terapia, isso é um mito porque as coisas podem se complementar não tem nenhum tipo de objeção e impasse. Outros também falam que “as respostas estão dentro de mim”, “porque eu preciso de um psicólogo para descobrir o que eu já sei?”. Você pode saber uma parte, às vezes, você tem as peças do quebra cabeça mais não se faz as perguntas certas, aquelas que confrontam nosso medo mais profundo, essas são mais delicadas e muitas vezes precisam ser feitas por alguém que está fora do nosso contexto pessoal.

 

Existem pessoas que falam “a mais tenho meus amigos, meus amigos me ajudam” com certeza seus amigos, sua família te ajudam, mas eles têm uma visão distorcida, tendenciosa, que está influenciada pelos anos de convivência e pelo aquilo que pode implicar a relação de vocês. Eles não têm conhecimentos técnicos, não tem certas posturas, eles não têm manejos técnicos que acontece na terapia e que só um profissional especializado pode oferecer.

 

Tem também as pessoas bem resistentes que falam “ah não preciso de terapia, quem fala que preciso de terapia são os outros não sou eu” se várias pessoas tem problema com seu jeito de ser, provavelmente você tem que começar a pensar se não está sendo o problema na vida das pessoas. Porque muitos problemas emocionais, psicológicos podem ser egocêntricos, ou seja, eles são vantajosos para quem tem. Então as vezes você pode ser um problema na vida dos outros essa é um questionamento muito importante a ser feito.

 

Mas o que de fato é a terapia? A terapia pode ser um processo de curta, media ou longa duração. Curta em média 20 sessões, media por envolta de 1 ano e longa duração pelo período que a pessoa escolher. Pode ser terapia individual, de casal, familiar e pode ser terapia de grupo, ou seja, com várias pessoas diferentes, ou conhecidas, trabalhando questões em comum. Pessoas de qualquer idade, desde criança muito pequena, até para uma pessoa idosa. Normalmente a terapia tem a ver com um momento crítico, ou porque a pessoa conquistou ou porque perdeu algo. Exemplo, uma pessoa que ganha na megasena ela tem uma questão de crise, uma mudança de vida, uma mudança de status social. Uma pessoa que é promovida. ela não pode mais ter contato com as pessoas, os pares dela e passa a se sentir sozinha. Então tudo que você perde ou ganha pode gerar uma crise, o nascimento de um filho, um casamento, coisas que você conquista, podem ser disparadoras de crises. Que podem ser agudas, ou de questões crônicas, que a algum tempo vem incomodando e não se sabe lidar e que está cansado. Podem ser desde coisas patológicas, até comportamentos disfuncionais que atrapalham seu relacionamento amoroso, sua vida financeira, sua vida produtiva, sua vida social. Então, de modo geral a terapia vai te ajudar em muitos aspectos da sua vida.

 

Alguns tópicos são meios que recorrente na terapia como: melhorar algum comportamento que causam algum sofrimento significativos em suas vidas; algumas manias chatas, uma rancisice, mania de reclamar, comportamento meio auto destrutivo. Existem várias possibilidades de pequenos comportamentos pontuais podem ser mudados e melhorados com a terapia.

 

Outras questões podem ser problemas de personalidade, sendo uma questão mais complexa, possuindo a mesma muito instável de altos e baixos. Às vezes a pessoas pode ser de modo global mais rancorosa, ou desconfiada. Outras podem se perceber frias, distantes, calculistas, narcisista perdendo contato com as pessoas a volta dela…

 

Também, podem buscar terapia por questões existenciais como a razão da vida, do destino e da dor. Não é que o psicólogo vai dar essas respostas, porque acredito que ninguém tem respostas finais para esse questionamento. Mas pode ajudar a formular as perguntas, de maneira instigante, interessante.

 

A terapia também ajuda a cuidar de transtornos mentais efetivamente (as de personalidade como já dito), ou de humor como depressão, bipolaridade, ansiedade, transtorno do pânico, obsessivo compulsivo, fobias especificas ou outros ligados a psicose.

 

Pode ajudar a superar traumas ou questões do passado, ou questões fantasiadas em relação ao futuro, catástrofes que imagina que vai passar na sua vida. Você pode abrir temas ligados à sua vida amorosa; sexualidade, a questões de gênero de opção sexual, como enfrentar ou lidar na sua vida cotidiana, como se posicionar, enfrentar preconceito. Expressar bloqueios que você tem na sua vida pratica, elaboral, profissional, tudo isso são temas que podem surgir na terapia de modo geral.

 

Há um grande questionamento sobre: “o que eu vou falar na terapia?”. Então sobre todos esses tópicos já citados, ou seja, tudo que se desejar. Desde como enfrentar os dilemas do mundo, da vida adulta, da sociedade, até o clássico “eu tenho uma história difícil com a minha mãe”.

 

Muitas pessoas se questionam se pode rir e se pode chorar no processo terapêutico. E não só pode, como se deve. O espaço da terapia é um espaço de acolhimento, onde o choro é livre, onde deve-se sentir todo tipo de emoção como: tristeza; raiva; medo; angustia. Portanto, pode rir, se quiser contar uma piada, pode. Se tudo tem a ver com o seu jeito de ser, tudo isso é valido no conceito da terapia. Tudo isso vai ser ouvido pelo psicólogo como uma parte de quem você é.

 

Mas o que é que o psicólogo vai falar? O que eu posso esperar de um psicólogo? Dentro da psicologia, existem várias abordagens e dependendo dela o psicólogo pode ser mais diretivo, mais intervencionista, pedir para anotar coisas, fazer gráficos, fazer tabelas, anotar comportamentos, pensamentos, sentimentos, para uma mudança mais consistente. Outros podem ser mais lacônicos, mais silenciosos, mais investigativos, menos intervencionista, porque as abordagens podem vir a variar como sua personalidade.

 

Quais são as principais abordagens? Existe a psicanalise que possui uma perspectiva do inconsciente, e se tiver uma tendencia mais clássica, o psicólogo tende a ser muito mais silencioso, os freudianos e os lacanianos, por exemplo, fazem com que certas angustias e posturas surjam mais com uma abordagem mais silenciosas, menos intimistas mais e impessoal. Portanto, as abordagens mais psicodinâmicas de modo em geral, que trabalham com o inconsciente, podem tender a uma postura mais retraída do terapeuta. Algumas abordagens como a Junguiana, vai abortar mais a questão dos sonhos, com exercício de visualização.

 

Já o psicodrama com certas elaborações corporais, onde a pessoa pode de repente mudar de cadeira, falar com a almofada, fazer interpretações, ele e o terapeuta, ele e o imaginário. Na comportamental, ajuda a perceber certos comportamentos, e trabalham mais com questões do seu imediato. Sendo assim, tudo vai depender da abordagem e da personalidade do psicólogo, que vai cativar de maneira singular cada pessoa. É interessante ao longo da vida da pessoa que pretende fazer terapia por um longo período, experimentar diversas abordagens, antes de dizer que terapia é ruim, porque existem diversas formas e abordagens terapêuticas.

 

O que seria uma terapia bem aproveitada? Existem vários tipos de sessões, tem aquelas que trazem revelações intensas, no qual se fala de um conteúdo muito agudo, muito intenso, muito difícil. Onde a pessoa sai num misto de angustia e alivio porque falou em voz alta uma questão difícil da sua vida. Existem sessões de mais de abertura, de um questionamento como se fosse uma entrevista em que a pessoa, vai abrindo vários pontos e vai fazendo perguntas mais gerais, mais investigativas. Outras, podem ser mais de desenvolvimento, de raciocínio, mais de um insight de longo prazo, onde criam-se movimentos circulares de espiral, aparentando falar de um assunto repetidas vezes, mas na verdade se está avançando ou aprofundando mais em uma questão.

 

Além de sessões de catarses emocionais, onde vem muita emoção, no qual a pessoa mal fala, mal racionaliza as coisas, mal entende o que está acontecendo. Também tem aquelas que tocam mais em questões superficiais, não trazendo nada à tona, chamada sessão de latência. Por exemplo, em uma sessão anterior que trouxe várias questões, é normal que a próxima seja mais leve, para ajudar a pessoa se recompor, a fazer uma reflexão, sobre a sessão passada, não necessariamente trazendo um conteúdo novo à tona. Portanto, uma terapia bem aproveitada, ela vai as vezes oscilar entre relaxamento e um momento mais de angustia.

 

É importante ficar mais atento em sessões onde a pessoa só sai mais angustiada ou relaxada demais. Porque o normal é oscilar entre todas, essas sensações. Sessões consideravelmente ruins são aquelas que ficam transitando entre coisas e assuntos superficiais onde não há elaboração de nada. Onde não há uma investigação propriamente dita, e o cliente e o psicólogo ficam fazendo um bate papo como se fossem um amigo, sem nenhum objetivo mais profundo. Ou quando o mesmo tem uma postura muito palpiteira do tipo: “você tem que fazer isso, tem quer fazer aquilo” criando um tipo de dependência que nem é muito saudável na relação na terapia. Ou até mesmo quando o psicólogo é muito moralista em relação as coisas sobre o que é certo/errado, justo/injusto. Com esse moralismo tem de tomar um pouco de cuidado e ficar com o radar ligado, para ver se a terapia não está sendo muito sugestiva ao invés de te fazer pensar.

 

Psicólogo Homem ou Mulher? Isso faz alguma diferença? Para algumas pessoas fazem, e isso pode ser considerado algo importante. Muitas se abrem mais com homens, outras com mulheres, outros tem facilidade com terapeutas mais jovens, outros pensam que são mais inexperientes. Já tem alguns preferem pessoas mais velhas, associando isso mais a maturidade, tudo isso vai depender de como se encara esse tipo de situação.

 

Então escolher fazer terapia, se tem que entender que é o momento. É necessário que se tenha disposição de tempo, de vontade e o mínimo de condição financeira. Além de querer investir porque as vezes se gasta dinheiro com um monte de outras coisas na vida que só distrai a pessoa de pontos importantes e a terapia exige um empenho para que realmente funcione, dependendo de organização pessoal.

 

E não desistir na primeira tentativa, porque foi uma situação difícil que suscitou várias emoções complexas, porque a terapia tem muito desses aspectos. Por experiencia própria, eu falo que encarem. Comecei a fazer no começo do curso da psicologia, mas se soubesse as reflexões, separar o que é olhar do outro, o que é meu, com certeza teria começado bem antes, uma vez que nos livra de algumas “amarras” que são causadas por traumas e questões pessoais. E quando ela realmente engrena, há uma mudança, se cria mais equilíbrio de modo geral com as emoções, a personalidade fica mais integrada, a ação no mundo fica mais potente. O indivíduo se vê expandindo quando ser humano, se tornando mais completo, mais complexo, mais vivido mais consciente. E isso com certeza impacta na sua relação com o mundo e com ele mesmo.

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