Muitas pessoas já passaram por relacionamentos que, em um dado momento, trouxeram à tona sofrimento. Momentos de alegria e união, se transformam rapidamente em angústia e conflitos. Depois, tudo retorna a paz, mas não por muito tempo. É comum que surjam questões como: “devo sair dessa relação? Continuar nela? A pessoa ainda me ama? Eu ainda a amo?” Ou, talvez, você se pergunte algo mais profundo, como: “o que é amor, afinal?” 

Já esteve em uma relação em que o outro lhe parece perfeito, trata-o com carinho, porém descobre que essa pessoa não era o que imaginava, que na verdade é alguém que o machuca, trai e humilha? No entanto, mesmo que tenha consciência de que algo está errado, não consegue de forma alguma se desprender dessa relação por medo de perdê-lo? 

São esses, mais provavelmente os tipos de relacionamentos que tendem a seguir entre rompimentos e retornos sucessivos ou entre um meio termo, em que os parceiros nem atam e nem desatam.

Chamamos, na psicodinâmica, essa configuração de vínculo tantalizante. O vínculo tantalizante é uma repetição de uma mesma experiência dolorosa nas relações afetivas: de um lado, temos alguém que revela um extremo apego pelo(a) parceiro(a) e de outro, um(a) parceiro(a) que faz promessas de uma mudança para melhor, mas suas atitudes sempre provam o contrário. O termo “tantalizante” é definido como: “aquele que tantaliza, isto é, que espicaça ou atormenta com alguma coisa que, apresentada à vista, excite o desejo de possuí-la, frustrando-se este desejo continuamente por se manter o objeto fora de alcance, à maneira do suplício de Tântalo”.

Esse eterno “tirar e dar” e uma grande recusa por parte do sujeito em se desprender de uma relação tóxica é considerada uma forma patológica de vivenciar uma relação e tem suas raízes na vivência subjetiva com os pais ou cuidadores durante a infância. 

Ou seja: a forma como fomos amados e cuidados pelos nossos pais quando éramos crianças interfere em nossos processos psíquicos, na maneira como escolhemos nossos parceiros e lidamos com o amor. Na psicoterapia, buscamos (re)conhecer esses afetos relembrando as vivências individuais, elaborando e ressignificando aspectos da própria história que talvez estejam adormecidos em nosso psiquismo e assim, entendendo a si e buscando novas saídas para o sofrimento.

 

Camilla Lima (CRP 17/6664)

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